Na Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed), a paixão pela literatura vai além das salas de aula. Em homenagem ao Dia do Escritor (25 de julho), quatro educadores revelaram como a escrita transformou suas vidas e se tornou uma poderosa ferramenta de ensino. Entre planejamentos pedagógicos e rotinas escolares, esses profissionais encontraram nas palavras um meio de eternizar memórias, inspirar alunos e construir pontes entre o mundo real e o imaginário.
O professor João de Oliveira Filho carrega consigo uma história comovente sobre o poder transformador dos livros. Nascido em Chã Preta, ele cresceu em uma humilde casa de taipa, onde sua mãe, costureira, trouxe para casa uma enciclopédia de seis volumes - um investimento que mudou seu destino.
"Eu tive minha vida transformada pelos livros. Minha mãe trabalhava como costureira, morávamos em uma casinha pobre, de taipa, e um dia ela chegou com uma enciclopédia de seis livros em casa. Ela comprou aquela enciclopédia mesmo com dificuldade financeira, e esses livros abriram minha visão de mundo e despertaram em mim o desejo pelo conhecimento", conta João, que hoje é autor de obras como Memórias de um Menino do Interior e um livro infantil inspirado em seu fascínio pelas estrelas.
Seu estudo sobre o espaço geográfico de Chã Preta, desenvolvido na Ufal, ainda é usado como material didático.
Vanessa Alencar, jornalista da assessoria de Comunicação da Semed e autora de quatro livros, descobriu na literatura um refúgio encantador. Filha de pais leitores, ela lembra: "Antes mesmo de saber ler, já amava o cheiro e o tato dos livros".
Para Vanessa, a escrita é um ato de resistência e transformação. "Minha paixão pela escrita e pelos livros começou na infância. Meus pais sempre foram leitores vorazes e, antes mesmo de aprender a ler, eu já gostava dos livros. Gostava de folhear, de sentir os livros, o cheiro deles. Sempre vi a literatura como um universo encantador, onde você pode passar horas com a realidade suspensa, mergulhado numa história completamente diferente da sua. Isso é enriquecedor para qualquer pessoa", reflete.
A professora Cristina Maria Nolasco nunca planejou ser escritora - até o dia em que suas crianças a desafiaram a criar uma nova história. "Uns três anos atrás, enquanto contava histórias para as crianças do CMEI onde trabalho, percebi que, de tanto repetir as mesmas histórias, elas já conheciam todos os livros da biblioteca. Foi então que me pediram para inventar uma nova. Como gosto muito de borboletas, criei ali mesmo a história de A Borboleta Adormecida, que acabou se tornando meu primeiro livro. As crianças gostaram tanto que, assim que saí da sala de aula, fui direto para a sala dos professores e rascunhei tudo que havia contado", ri. Assim nasceu A Borboleta Adormecida, seu primeiro livro, escrito a mão assim que deixou a sala de aula.
Já o professor Rosival Lourenço teve seu destino literário traçado ao ler Dinheiro do Céu, de Marcos Rey. "Aquela leitura me marcou profundamente", revela o autor de Retratos de Maceió, uma coletânea de contos sobre a capital alagoana.
Para Rosival, a rede municipal é um celeiro de talentos: "Minha relação com a escrita começou quando li Dinheiro do Céu, do Marcos Rey. Aquela leitura me marcou profundamente e despertou em mim o interesse não só por ler, mas também por escrever. A partir daquela experiência, comecei a me arriscar rascunhando ideias e descobrindo, aos poucos, o prazer da criação literária. Já publiquei vários livros, sendo um deles um livro de contos chamado Retratos de Maceió".
Essas histórias mostram como a educação e a escrita se entrelaçam na Semed. Seja através de memórias do interior, poesia ou contos infantis, esses educadores provam que livros podem ser janelas para novos mundos - e que todo professor carrega dentro de si um escritor pronto para inspirar.