Entraram em vigor nesta quarta-feira (6) as tarifas de importação de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, conforme decreto assinado pelo presidente Donald Trump na última semana. A medida, que eleva uma sobretaxa já existente de 10% para 50%, vem acompanhada de uma longa lista de exceções, como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças automotivas, fertilizantes e produtos energéticos.
A Casa Branca afirmou que a decisão foi tomada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma "ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, política externa e economia dos EUA". O comunicado oficial cita "perseguição política, censura e abusos de direitos humanos", com menções diretas ao ministro Alexandre de Moraes (STF) por supostamente "intimidar opositores, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências".
O texto também menciona o bloqueio de redes sociais americanas no Brasil e o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA e processado no Brasil por declarações feitas em território americano, como exemplos de violação à liberdade de expressão.
No dia 18 de agosto, os EUA revogaram os vistos americanos de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux ficaram de fora da lista.
Segundo a Casa Branca, a medida visa "proteger a liberdade de expressão americana" e impedir que autoridades brasileiras "censurem cidadãos e empresas dos EUA".
Apesar da imposição das tarifas, o presidente Lula afirmou nesta terça-feira (5) que o Brasil continua aberto a negociações, mas reconhece que há pouca margem para recuo americano.
Enquanto isso, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) deve se reunir ainda esta semana com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, em uma tentativa de abrir caminho para um diálogo direto entre Lula e Trump. No entanto, auxiliares do Planalto afirmam que só querem um contato quando houver clareza sobre o que pode ser negociado, para evitar um rompimento definitivo.
O governo brasileiro está finalizando um plano de contingência para auxiliar empresas afetadas pelas tarifas. A expectativa é que medidas de incentivo a exportações para outros mercados e linhas de crédito específicas sejam anunciadas em breve.
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